Fotos: SRI/Alex Pires
A luta das mulheres para reduzir a desigualdade em relação com a dos homens ocorreu entre os séculos 19 e 20. No entanto, ainda no século 21, mulheres lutam para diminuir o preconceito e violência contra elas.
Pensando nisso, a Comissão Interna de Saúde do Servidor Público da Fundacentro (Cissp) realizou, com apoio da presidência da instituição, evento alusivo ao Dia Internacional da Mulher. Nesse evento, a psicóloga e conselheira do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, Ivani Oliveira, baseando-se no documentário “Virou o Jogo – A História de Pintadas” debateu as questões sobre igualdade de gênero, machismo, violência contra a mulher e empoderamento.
A discussão foi possível porque o documentário narra a vida de mulheres simples do interior da Bahia que resolvem praticar futebol, sobretudo desmitificar o cenário machista que elas viviam na cidade de Pintadas.
“Essas mulheres por meio do movimento feminino diminuíram a desigualdade que existia naquela cidade do interior da Bahia. Além disso, o documentário traz depoimentos de alguns homens relatando que ajudam nas tarefas de casa, nos cuidados com os filhos e apoiam as mulheres que jogam futebol”, esclarece Ivani. Completa que essas mulheres lutaram para transformar o padrão de vida imposta pelos homens e assumiram o papel delas na sociedade: a de protagonistas.
Em alguns países, tais como africanos, asiáticos e latinos o machismo ainda é muito latente. No Brasil, por exemplo, caso de violência doméstica contra a mulher é citado como um grande problema que precisa de muita atenção. De acordo com o Relógio da Violência do Instituto Maria da Penha, a cada dois (segundos) uma mulher é vitima de violência física ou verbal.
Antigamente
“Pensar que antigamente as mulheres não podiam trabalhar e muito menos assinar qualquer contrato, hoje em dia podemos dizer que tivemos um avanço”, informa a psicóloga. Sobre essa afirmação, historicamente a luta das mulheres por direitos civis, políticos e sociais ocorreu no século 18 e 19. No fim do século 19, as mulheres reivindicaram o direito ao voto, divórcio, educação e igualdade no trabalho.
Em 1980, as feministas entram na luta contra a violência às mulheres. Cinco anos depois, com o intuito de abolir a discriminação e fomentar a participação feminina nas atividades políticas, econômicas e culturais cria-se o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM), vinculado com o Ministério da Justiça. Essa iniciativa tem sido promovida pela Secretaria Especial de Políticas para Mulheres, a qual desenvolve ações, campanhas e políticas públicas focadas à mulher.
Tipos de violência
De acordo com a Lei Maria da Penha, as categorias de abuso contra mulher são: violência patrimonial, sexual, física, moral e psicológica. A conselheira explana que todos os tipos de violência contra a mulher são avassaladores e as consequências para a saúde da mulher é destruidor. “A mulher que sofre a agressão fica fragilizada, isto reflete tanto na vida social quanto no trabalho”, frisa Ivani.
Dez tipos considerados violência doméstica no Brasil:
1: Humilhar, xingar e diminuir a autoestima 2: Tirar a liberdade de crença 3: Fazer a mulher achar que está ficando louca 4: Controlar e oprimir a mulher 5: Expor a vida íntima 6: Atirar objetos, sacudir e apertar os braços 7: Forçar atos sexuais desconfortáveis 8: Impedir a mulher de prevenir a gravidez ou obrigá-la a abortar 9: Controlar o dinheiro ou reter documentos 10: Quebrar objetos da mulher |
Fonte: Lei Maria da Penha
Todas as formas de violências contra a mulher são extremamente prejudicial a sua saúde, a psicóloga destaca a violência psicológica, aquela que aparentemente parece cuidado ou um simples ciúmes é, na verdade, relacionamento abusivo.
“O namorado ou marido começa a ficar muito “cuidadoso”, ou seja, controlando praticamente toda a vida da namorada/esposa. Proíbe a socialização dela com os (as) amigos/amigas, como se vestir, lugares que pode frequentar e assim por diante”, frisa Ivani.
O relacionamento abusivo é a forma de o parceiro controlar totalmente a vida da mulher, ela não pode decidir com quem conversar, as roupas que pode vestir, monitora o celular, redes sociais, lugares que pode ir e, além disso, recebe tantas críticas que a sua autoestima fica comprometida.
A conselheira salienta que a mulher que é vítima de relacionamento abusivo acaba se culpando por não ter percebido ou por ter pensado que era amor da outra parte. “Não é culpa da vítima, não existe nenhuma mulher que goste de receber críticas duras, de ser controlada ou ser desrespeitada”, salienta Ivani. Completa que o abusador usa de artimanha para diminuir, culpar e romantizar a violência.
Reflexo da violência na mulher
O comportamento da mulher que sofre algum tipo de agressão é perceptível na sua maneira de agir na vida social e no trabalho. No trabalho, a concentração e iniciativas no desenvolvimento das atividades são totalmente comprometidas.
Em 2016, a Universidade Federal do Ceará e o Instituto Maria da Penha divulgam uma pesquisa sobre “Violência Doméstica e seu Impacto no Mercado de Trabalho e na Produtividade das Mulheres”. Neste relatório são apontados a violência e os impactos no mercado de trabalho, especificamente no nordeste.
A Lei Maria da Penha nº 11.390/2006, institui mecanismos para assegurar que as mulheres não sejam vítimas de violência doméstica. No âmbito trabalhista, a mulher em situação de violência doméstica e familiar tem respaldado o seu vínculo empregatício, podendo, quando necessário, se afastar por até seis meses do trabalho.
No dia do evento, a Assessoria de Comunicação Social (ACS) entrevistou a presidente da Fundacentro, Leonice da Paz; a psicóloga e conselheira do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, Ivani Oliveira; a pesquisadora e membro da Comissão Interna de Saúde do Servidor Público da Fundacentro (Cissp), Cristiane Queiroz Barbeiro Lima, e o assessor da Diretoria Técnica (DEx), Allan David Soares.
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